sexta-feira, 28 de setembro de 2012

PORTUGUÊS – LINGUAGEM CULTA

Para além do domínio da gramática, flexionar corretamente os modos e tempos verbais indica capacidade de ARGUMENTAÇÃO por parte do redator.O uso adeguado não revela apenas competência gramatical, na verdade produz efeitos no discurso, concorrendo para aumentar o poder argumentativo do texto.
Um dos  itens mais avaliados no vestibular e Enem é a CORRELAÇÃO entre os modos e os tempos verbais. O desrespeito a ela compromete o nexo entre as ações e traduz mal as intenções do falante.


Concordância verbal
   
Sujeitos simples que merecem destaque
01 – Expressões partitivas:grande parte de,a maior parte de,a maioria de,grande parte de,metade...                          
O verbo pode ficar no singular ou no plural.
Ex.: A maioria dos senadores aprovou as pesquisas com células-tronco.
                                              aprovaram
02 – Sujeito coletivo
O verbo fica no singular , mas se seguido de substantivo vai para o plural.
 Ex.:Um bando fazia tremenda algazarra em frente à delegacia feminina.
        Um bando de vândalos destruíram o monumento em frente à delegacia.
                                subst.

03 – Quantidade aproximada: cerca de,mais de,menos de,perto de....
 O verbo concorda com o substantivo.
Ex.: Cerca de mil pessoas  participaram da passeata contra as pesquisas com células-tronco.                      
                             subst.
        Mais de um atleta  estabeleceu novo recorde.
                            subst.

04 – Mais de um,mais de uma...
O verbo fica no singular ou no plural se houver reciprocidade ou expressão repetida.
Ex.:Mais de um senador discutiu a pesquisa.                                                                                              Mais de um senador se ofenderam na tumultuada sessão.

05 – Nomes próprios pluralizados
Sem artigo: verbo no singular
Com artigo:verbo no plural
Ex.: Os Estados Unidos impuseram uma nova ordem mundial.
        Estados Unidos impôs uma nova ordem mundial.                                                                     Os Lusíadas consumiram anos de dedicação do poeta.
         Memórias Póstumas de Brás Cubas renovou a estética do romance.

06 – Pronome interrogativos ou indefinido plural(quais,quantos,alguns,poucos,muitos,quaisquer,vários)seguidos de “de nós” ou “de vós” – o verbo pode concordar com o 1º pronome(na 3ª pessoa do plural) ou com o pronome pessoal.
Ex.: Quais de nós sabiam/sabíamos disso tudo?
       Alguns de vós temiam/temíeis novas revelações.
        Vários de nós participaram/participamos das discussões.
Obs.1: Quando alguém estabelece a concordância”Muitos de nós sabíamos de tudo e nada fizemos.” está se incluindo num grupo de omissos,o que não ocorre com a concordância”Muitos de nós sabiam de tudo e nada fizeram.” que soa como uma acusação ou denúncia.
Obs.2: Quando o interrogativo ou indefinido estiver no singular,o verbo fica no singular.
Qual de nós sabia de tudo?
Algum de vós fez isso.


07 – Porcentagens
Quando o sujeito for indicação de uma porcentagem seguida de substantivos,o verbo pode concordar com o numeral ou com o substantivo.
      Ex.: 25% do orçamento do país deve destinar-se à educação.
              25% do orçamento  do país devem destinar-se  à educação.
              85% dos entrevistados declararam sua insatisfação com a política.
               1% da classe recusou-se a colaborar.
                1% dos alunos recusou-se a colaborar.
                 1% dos alunos  recusaram-se a colaborar.
08 – Que
O verbo concorda com o pronome antecedente.
       Ex.: Hoje sou eu que faço o discurso.
              Não és tu que provocas riso.
               Fomos nós que pagamos a conta. 

09 – Quem
Verbo fica na 3ª pessoa do singular ou concorda com o antecedente.
        Ex.:Fui eu quem pagou a conta./Fui eu quem paguei a conta.
               Fomos nós quem fez isso./Fomos nós quem fizemos isso.

10 –Um dos.. que/Um dos que/ Uma das que
Verbo  costuma assumir o plural.
      Ex.: O Amazonas é um dos rios que cortam a floresta Equatorial brasileira.
              O ministro é  um dos que defendem tal pesquisa.
               A baronesa era uma das que mais desconfiavam de nós.
Obs.: Nos dois casos,tem sido muito frequente a concordância no singular em textos que devem seguir a língua padrão.

Com Sujeito composto que merecem destaque
01 – Núcleos sinônimos
Sujeito composto com núcleos sinônimos ou quase sinônimos ou estabelecendo uma gradação,o verbo pode concordar no singular ou plural.
      Ex.: O desalento e a tristeza minou-lhe as forças.
                                                    minaram
              Um aceno,um gesto,uma palavra,um estímulo faria muito por ele.
                                                                                        Fariam

02 – Sujeito resumido por tudo,nada,ninguém (aposto recapitulativo) a concordância é feita com esse termo resumidor,ou seja,no singular.
      Ex.: Carros,casas,prédios,viadutos,pontes,tudo foi destruído pelo terremoto.
              A torcida.o técnico,os jogadores,ninguém ficou satisfeito com o resultado.

03 – Núcleos unidos por”ou/nem”
Verbo no plural mas se houver idéia de exclusão vai para o singular.
       Ex.: Drummond ou Bandeira representam a essência da poesia.
               Nem pode,nem dinheiro o corrompiam.
               Milão ou Berlim sediará a próxima olimpíada.(idéia de exclusão)

04 – Núcleos unidos por  “com”
Verbo no singular se quisermos enfatizar o 1º elemento e no plural tendo o mesmo grau de importância.
      Ex.: O velho patriarca com sua mulher e filhos,fazia-se notar pela elegância do porte.
              O professor com o aluno montaram o equipamento na sala de aula.
Obs.: No primeiro período não se tem propriamente um sujeito composto,e sim um sujeito simples e seu adj.adverbial de companhia.

05 –Expressões correlativas
Quando os núcleos do sujeito são unidos por expressões correlativas como: não só...mas também...,não só...como também....,não só...mas ainda...,não somente...mas ainda...,não apenas...mas também...,tanto...quanto..., o verbo de preferência fica no plural.
Ex.: Não só a seca mas também o descaso assolam o Nordeste.
         Tanto o pai quanto o filho costumavam passar por ali.

06 – Pessoas gramaticais diferentes
. 1ª pessoa prevalece sobre 2ª e 3ª
. 2ª pessoa prevalece sobre a 3ª
Ex.: Os alunos,você e eu iremos à Universidade Federal hoje.
        Tu e os alunos ireis à Universidade Federal hoje.

VERBO SER
01 – Em expressões que indicam quantidade( medida,peso,preço,valor) -  verbo fica invariável.
 Ex.: Dois quilos é pouco.
        Vinte mil reais é demais.
         Dez minutos é mais do que preciso para ir à secretaria.
         Mil reais já foi muito,hoje é pouco,é bem menos do que eu estou precisando.

02 – Indicações de tempo: concorda com a expressão numérica que o acompanha.
Ex.: É uma hora./São três e vinte./Já é mais de uma hora.?Já são mais de duas horas./São cinco para uma./Hoje são  vinte e seis de março.(mas:Hoje é dia 26 de março.)
03 – Entre um pronome não pessoal e um substantivo: verbo concorda com o substantivo

03 – Entre um pronome não pessoal e um substantivo:o verbo concorda com o substantivo.
Ex.:Tudo eram alegrias naquela noite./Isso são manias de um ocioso.
Quem são os vencedores?/Que são idéias?
Obs.:Nos dois primeiros casos,há gramáticos que consideram possível a concordância com o pronome.

04 –Entre um nome próprio e um substantivo comum: o verbo concorda com o nome próprio
Ex.:Garrincha foi as maravilhas do drible.

05 – Entre um pronome pessoal e um substantivo comum ou próprio: o verbo concorda com o pronome
Ex.:Eu sou a professora de português./José da Silva sou eu.

06 – Entre um substantivo comum no singular e outro no plural: o verbo vai para o plural,mas poderá ficar no singular para dar ênfase.
Ex.: A sua paixão eram as pesquisas com células-tronco.
        Aquele amor é apenas cacos de um passado.



Verbo HAVER
01 – Verbo HAVER quando indica existência ou acontecimento é IMPESSOAL,portanto o verbo permanece na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Há
        Houve
        Havia
        Haverá                         } dúvidas quanto à legalidade de cobrança
        Deve ter havido               de novos impostos.
        Pode ter havido

02 – HAVER e FAZER  são impessoais quando dão idéia de tempo:verbo na 3ª pessoa do singular.(não se devem empregar esses verbos no plural em frases como:
      Faz muitos anos que não nos vemos./Há anos não o procuro.
      Deve fazer muitos anos... / Havia anos que não o encontrávamos.

Uso do Infinitivo
O verbo no infinitivo exprime o processo verbal sem indicação e tempo.Em português apresenta duas modalidades:a impessoal,em que se considera apenas o processo verbal,e a pessoal,em que se atribui a esse processo verbal um agente.
      É proibido fumar.(impessoal)/                                                                                           
   É bom fazermos algo.(pessoal,sujeito/agente nós)
   
  Nem sempre a modalidade pessoal do infinitivo vem flexionada:há casos em que se deve determinar o sujeito pelo contexto.
Fiquemos quietos para surpreendermos quem entrar.
Fiquemos quietos para surpreender quem entrar.
      Em ambas as frases,o sujeito de surpreender é nós.Como se trata de um caso optativo de emprego de forma flexionada,decidiu-se na segunda frase,pela forma não flexionada.Observe que a primeira frase é mais enfática do que a segunda.

Forma não-flexionada
Quando o verbo é empregado indeterminadamente,assumindo valor de substantivo:
Agir é tudo./Atacar é a melhor defesa.

. Quando o infinitivo tem valo imperativo:
Direita,volver./Apressar o passo!Apressar o passo!

. Quando o infinitivo,regido da preposição DE,assume sentido passivo como complemento de um adjetivo:
Seus constantes desaforos eram ossos duros de roer.(= de serem roídos)
Passei por momentos difíceis de esquecer.(de serem esquecidos)

. Quando o infinitivo vem com o verbo principal de uma locução verbal:
Não podíamos prever o que os outros iriam fazer.
Estão a brincar comigo?

FORMA FLEXIONADA
Deve ser obrigatoriamente usada quando tem sujeito próprio,diferente do sujeito da oração principal.Isso o corre também quando o sujeito do infinitivo é indeterminado e o da oração principal não é:
Existe muita gente que diz sermos nós um tanto sonhadores.
Lembrei-me da recomendação médica de tomares sol todas as manhãs.
É hora de vocês passarem à ação.

.    Podemos usar a forma flexionada ou não quando o infinitivo da oração reduzida que complementa um auxiliar causativo ou sensitivo apresentar como sujeito um substantivo ou quando quisermos enfatizar o agente do processo verbal nas orações subordinadas cujo sujeito é igual ao das or.principais.
Deixe os alunos falarem/falar.
Ouvi os pássaros cantarem/cantar.
Trouxemos nossos produtos para vendermos/vender.
Os manifestantes se dirigiram ao palanque para protestarem/protestar contra as pesquisas com células-tronco.

O verbo parecer e o infinitivo
Pode relacionar-se de duas maneiras distintas com o infinitivo.
Os dias parecem voar.
Os dias parece voarem.
Na primeira frase,parecer é verbo auxiliar de voar.Na segunda,temos na realidade uma inversão da ordem dos termos,que seria”Parecem voarem os dias”. Parece é o verbo de uma or. Principal cujo sujeito é a or.sub.subst.subjetiva reduzida de infinitivo”voarem os dias”.Se desenvolvermos essa oração,obteremos “Parece que os dias voam.”

LEIA: TEMPO VERBAL X GÊNERO TEXTUAL

Bons estudo....
s.s.s

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Para Refletir... Jovens hoje.


Sobre o amigo
Adolescentes parecem não ter medo de nada. Não têm medo da velocidade, guiam carros e motos como loucos, na certeza de que são invulneráveis.
 Não têm medo das drogas, experimentam de tudo, na firme certeza de que nenhum mal poderá lhes suce­der.
 Não têm medo de sexo, e vão go­zando dos seus prazeres descuidados que muitas vezes terminam em gravi­dezes que arrasam vidas e em Aids. Parece, inclusive, que não têm medo de morrer.
Loucões.Mas adolescentes têm um medo medonho da solidão. Não conseguem ficar sozinhos, com eles mesmos. A so­lidão os deprime. Por isso não desgru­dam do telefone. Por isso estão sempre em grupos. Mas essa sociabilidade de que é feito o grupo é o oposto da amizade. Porque ela é feita de igualdades. Todos têm de ser iguais. Quem é diferente está fora, não pertence. Não é con­vidado. Fica em casa.
A amizade é o oposto. Ela começa quando a gente não pertence a grupo algum. A amizade é o encontro de duas solidões. Duas solidões, juntas, fazem uma comunhão. [...]
Sei que vocês têm tristezas. É para espantar a tristeza que vocês fazem tanta festa, ouvem músi­ca tão alto, procuram sempre o agito [...]. É preciso espantar o medo de ficar adulto. Ficar adulto é se encontrar com a solidão, quando não mais se pode gritar: "Mãe, me pega no colo!", "Pai, me tira do buraco!". Aí se entende que tristeza é parte da vida, e não é para ser curada com remédios de psiquiatras. A tristeza é para a gente ficar amigo dela. Quem faz amizade com a tristeza fica boni­to, fica manso, fala baixo, escuta, pensa. [...]
Amigos são raríssimos. ("Eu quero ter um milhão de amigos": o Roberto Carlos estava louco quando escreveu isso. Amizade requer tempo. Como posso ter tempo para um milhão? Deveria re-escrever a canção: "Quero ter um milhão de fãs".) Não importa. Basta um amigo para encher a solidão de alegria.
(Rubem Alves. E aí? - Carta aos adolescentes e a seus pais. Campinas: Papirus/Speculum, 1999. p. 58-60.)


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Respostas. Carta ao leitor

Aprendendo com os erros...Erramos para aprender fazer certo.
 
A estrutura básica de uma carta ao leitor é a ARGUMENTAÇÃO que sustentem uma tese, por meio de análises, hipóteses, refutação contrários ou a favor do tema proposto.A finalidade do autor é convencer por meio de opinião  defendendo sua tese com comprovação irrefutável o domínio de seu ponto de vista, mas tenha cuidado para não tornar o texto informativo.
Muitas vezes não deixamos claros aquilo que queremos expressar, nesse caso os argumentos. A carta  ao leitor não costuma ser pessoal e o autor dirige-se ao interlocutor específico utilizando uma linguagem adequada de preferência da norma culta escrita, você precisa defender um ponto de vista de forma impessoal, porém, com argumentos convincentes pertinentes ao tema proposto.
Observei em algumas cartas que recebi várias argumentos contraditórios,é necessário  confrontar opiniões, selecionar, organizar, questionar  situações equivalentes sobre o assunto.
Vale lembrar que a exemplificação, justificativas, raciocínio lógico   não deixa o texto escasso, não só basta ter opinião é preciso defendê-la e sustentá-la  a favor ou contra de forma crítica contextualizando para que  os argumentos não possam ser refutados.
Existem vários tipos de argumentos para o corpo do texto, mas para isso é necessário á priori diversas leituras, produções de texto, hipertexto, só a prática e leituras o levará a um senso criativo e próprio nas produções com direito autoral,  não faça copilações de outros, demonstre habilidades e competências nas produções.
A empregabilidade de argumentos poderá ser  através de citação,raciocínio lógico em defesa do ponto de vista pertinentes ao tema. Apresentar o problema ( tese ), desenvolver com elementos que comprovem sua ideia, ser conciso, claro, objetivo de forma coesa e coerente,  reformule hipóteses e não deixe períodos incompletos, conclua com argumentos pertinentes e não esqueça de sugerir  possíveis ou algo novo. para melhorar o problema.
 Por enquanto é isso, agora é com vocês.
                                        Sônia Santos.