sexta-feira, 23 de março de 2012

Você sabia que... Inflação x Economia x Comportamento Social

 
23/03/2012-10h11                                                 ATUALIDADE
IPC-S avança para 0,51% na 3ª semana de março, aponta FGV

A inflação apurada pelo IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal) acelerou de 0,47% para 0,51% entre a segunda e a terceira quadrissemana de março, informou nesta sexta-feira (23) a FGV (Fundação Getúlio Vargas).

A taxa maior do IPC-S de até 22 de março foi influenciada por acelerações de preços em cinco das oito classes de despesa pesquisadas, com destaque para o maior avanço de preços administrados.

A principal influência para o avanço do indicador foi a aceleração de preços no grupo Habitação (0,89% para 1,02%).

Segundo a FGV, nesta classe de despesa houve aumentos mais intensos de preços de empregada doméstica mensalista (de 4,10% para 4,93%), aluguel residencial (de 0,74% para 0,95%), condomínio residencial (1,01% para 1,09%) e em preços administrados, como taxa de água e esgoto residencial (de 1,26% para 1,85%).

Também apresentaram acréscimos em suas taxas de variação de preços os grupos Alimentação (de 0,43% para 0,52%), Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,52% para 0,60%), Despesas Diversas (de 0,06% para 0,12%) e Educação, Leitura e Recreação (de 0,24% para 0,28%).

Por outro lado, houve desaceleração e queda menos intensa de preços em Transportes (de 0,34% para 0,20%), Comunicação (de?0,19% para?0,28%) e Vestuário (de 0,31% para 0,27%), no mesmo período, que ajudaram a segurar, em parte, o avanço da inflação medida pelo indicador.

Inflação x Economia x Comportamento Social
Nos anos 80 e 90, a maioria dos brasileiros acreditava que o desempenho econômico era o fator mais importante para o desenvolvimento de uma nação, (os próprios educadores ensinavam desta forma). Isto, no entanto, é um grande engano. Na verdade, o desempenho econômico é uma mera conseqüência porque depende do comportamento do povo. Note que se o povo é extravagante, desperdiçador e destruidor, teremos um tipo de resultado econômico - se o povo é preguiçoso e ineficiente, temos outro resultado - se o povo é conservador, trabalhador e eficiente, temos outro - se o povo é desonesto, corrupto e ganancioso, teremos outro tipo de resultado e assim por diante. Portanto, é o padrão de comportamento de um povo o determinante de todos os índices de desempenho do país, seja o desempenho social, desempenho tecnológico, desempenho da segurança pública ou desempenho econômico.
A maioria das pessoas ainda não percebeu que a inflação não é uma doença econômica. A inflação é, na verdade, um sintoma de doença social e econômica. É como a febre numa pessoa, (também não é doença), é apenas sintoma de algum tipo de doença em andamento. Portanto, é importante lembrarmos que analgésicos e antitérmicos combatem os sintomas, mas não curam a doença. No caso do Brasil, em particular, a doença sócio-econômica que gera inflação só será curada quando fizermos uma reformulação cultural que dê ênfase aos 4 pilares que sustentam as grandes nações; são eles: Crer em Deus - Praticar a verdadeira justiça - Conceder Liberdade - e Respeitar e Amar ao próximo.
A ausência da verdade, da justiça justa e social, da liberdade sensata e da igualdade de oportunidade, é a real causa da maioria dos males que atingem o Brasil. (Males como: pobreza, desemprego, rebeliões, violências, inflação (visível ou oculta), “favelamentos” e outros).
Infelizmente, os governantes brasileiros ainda não entenderam que conter a inflação não é a mesma coisa que conter o desequilíbrio econômico e social que faz as pessoas empobrecerem dia após dia. A inflação é apenas uma das válvulas, de escape, da pressão produzida pelos inúmeros desequilíbrios sociais e econômicos existentes no Brasil. Se a válvula da inflação é bloqueada, ou contida por qualquer técnica de esperteza (do tipo congelamentos, excesso de importações, juros estratosféricos, etc.), outras válvulas se romperão para dar vazão à tal pressão e continuar corroendo a economia do país. (Em 1998, Um Real valia Um Dólar. Hoje, quanto vale?...).
A contenção forçada da inflação (sem a identificação da verdadeira causa) aciona a válvula da recessão, a válvula do desemprego, a válvula dos juros absurdos, do endividamento público, da desvalorização cambial ou da violência que destrói, que gera rebeliões e que algumas vezes resultam em guerras civis. Portanto, não adianta elaborarmos planos engenhosos e “espertos” para tentar desenvolver o Brasil. As verdadeiras soluções só virão quando dermos crédito aos 4 pilares fundamentais da cultura cristã. Precisamos entender, de fato, que uma grande nação se faz com um bom padrão cultural, ou seja, bons hábitos, boa conduta, crenças verdadeiras, costumes decentes e boa educação. Planos econômicos, sozinhos, não são suficientes.
QUAL É A SUA OPINIÃO SOBRE O ASSUNTO?


 



terça-feira, 20 de março de 2012

Poema da saudade - Família congela!!!!


A família é um poste de suporte na vida de qualquer um que ama.
A família é essencial no momento de tomada de decisão, não apenas ilusão esquecida pelo tempo.
A família é todas as letras, todas as palavras que voam e não se perdem!
O que seria de cada um sem o acréscimo do outro, o qual pode ser um qualquer...
A família é o alimento, a fonte e a maré.

A árvore genealógica de uma família, está na lógica, razão do existir.
Pode-se até dividir, mas o sanque, DNA não nega suas raízes...
Mesmo em crise, distância não há. Você pode encontrar em qualquer lugar.
Declarar, aceitar do jeito que ela é, salvar e mostrar o caminho da fé.

Família é assim, você, eu,tu, eles para construir...
Infelizmente não se valoriza mais... é assim que se faz
Não há união, respeito ou compaixão
E todos um dia vão. Congela!!!

obs: este poema é dedicado a duas pessoas muito especiais para mim. Tio Zezinho (87 anos ) e Tia Dalgiza (72 anos ) irmãos do meu pai. ( falecido ) falta só uma Mariínha que mora no Pará.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Esse é especial para o 1º ano - JBC - Variações Linguísticas



O modo de falar do brasileiro


Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos.
1) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita;
2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo;
3) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e outros. São as gírias e jargões.
Assim, além do português padrão, há outras variedades de usos da língua cujos traços mais comuns podem ser evidenciados abaixo.
 
Uso de “r” pelo “l” em final de sílaba e nos grupos consonantais: pranta/planta; broco/bloco
Alternância de “lh” e “i”: muié/mulher; véio/velho.
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado.
Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe.
Simplificação da concordância: as menina/as meninas.
Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: “Chegou” duas moças.
Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de sujeito): Nós pegamos “ele” na hora.
Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” (tamém/também).
Desnasalização das vogais postônicas: home/homem.
Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe.
Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: amá/amar; amô/amor.
Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles ama.
 
Variações regionais: os sotaques
Caso você faça um levantamento dos nomes que as pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:

Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.

Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação linguística relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil.

Antigamente

"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."
Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século XXI? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.
Língua e status
Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para perceber que há preconceito em relação a elas.
Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:

O Poeta da Roça

Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.


Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.

(...)
Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa. Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade, que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira".
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.



Agora é a sua vez... faça telhados. COMENTE.

terça-feira, 13 de março de 2012

Romantismo - Marca de um estilo, eles não acabam nem iniciam de repente.


Romantismo – 1836-1881
Inicio com Suspiro Poético e Saudades de Gonçalves de Magalhães

Contexto-Histórico

·         Origem na Inglaterra e Alemanha (divulgado pela  França e Portugal)

·         Revoluções francesas e industrial

·         A corte no Rio de Janeiro

·         Independência do Brasil

·         Primeiro e segundo império

·         Vida burguesa

Características:
Individualismo,ufanismo,nacionalismo,sentimentalismo,saudosismo,idealização da mulher, maior liberdade formal, formas populares,indianismo,regionalismo,heroísmo,rebeldia,escapismo

1.       Poesia

§  Primeira geração ( Nacionalista )

Gonçalves de Magalhães – Suspiros Poéticos e Saudades – obra inaugural do movimento romântico no Brasil

A confederação dos Tamoios- traços do indianismo épico. 

Gonçalves Dias – principal autor desta geração – exaltação da natureza brasileira, poesia com ritmo, musicalidade,aspecto crítico ao apresentar o índio ( como vítima do homem branco ) embora idealizado

Na poesia lírica, presença do amor não concretizado. ( cantos: 1º,2º,3º cantos; os Timbiras;Sextilhas de Frei Antão )

·         Segunda geração ( mal do século – ultra-romantismo ou byronismo )

Tédio,egoismo,morte,pessimismo,escapismo,spleen ( vida amarga e tediosa ) egocentrismo e negativismo boêmio ( pessimismo,tédio constante, dúvida,desilusão adolescente). Fuga da realidade ( lugares sombrios, ermos,nas virgens sonhada e até na morte,tuberculose,doença,amor platônico.

Álvares de Azevedo –obras: lira dos Vinte Anos;Noite na Taverna;Macário

Casimiro de Abreu- poeta do amor e saudade

Junqueira Freire

Fagundes Varela – poeta da dor

Laurindo Rebelo –poeta lagartixa

v  Terceira geração –( condoreira ou hugoana )

Poesia social e libertária – influência de Vitor Hugo

Castro Alves –( poeta dos escravos) - abolicionismo e erotismo

Obras: Espumas Flutuantes; Os Escravos;vozes D’áfrica;Navio Negreiro;A cachoeira de Paulo Afonso.

São Luís - Maranhão ( visite - é a cidade de Sousândrade )
Sousândrade- rompimento com os modelos tradicionais de sua época, considerado preconizador do modernismo e das vanguardas no Brasil.

Obras: O guesa errante; O inferno de Wall Street

Tobias Barreto: obras completas

2-  A prosa   - Romantismo Brasileiro.
v  Romance romântico e os de folhetins

Ø  Teixeira e Sousa – o filho do pescador -1843 ( 1º)

Ø  Joaquim Manuel de Macedo – A moreninha  - O moço loiro – A luneta mágica ( folhetins )

Ø  José Martiniano de Alencar – (nacionalista) tentativa de criar uma linguagem propriamente nacional).

Ø  Romances : nacionalistas;históricos;regionalistas;urbanos ( O guarani;Iracema,Ubirajara;As minas de prata,a guerra dos mascates;O  sertanejo,O gaúcho,Til,O  tronco do ipê; Cinco minutos,A viuvinha,Sonhos d’ouro,encarnação,Lucíola,Senhora,Diva.

Ø  Autores: Bernardo Guimarães ( sertanejo e regional ) obras: o seminarista, a Escrava e Isaura, o Garimpeiro..

Ø  Visconde de Taunay – descrições verossímeis da paisagem ( período de transição – realismo ) obras: Inocência,A retirada de laguna

Ø  Franklin Távora – obra: O cabeleira

Ø  Manuel Antônio de Almeida -  morreu cedo um único romance – Memórias de um Sargento de Milícias

3 – O Teatro no Romantismo Brasileiro

Autores:
Gonçalves de Magalhães; Gonçalves Dias; José de Alencar;Qorpo-Santo


sexta-feira, 2 de março de 2012

Por que escrever tantas palavras eladas - quem fala errado?

Frases ou termos que as pessoas falam errado e alguns nem notam?

01) Planos ou projetos para o futuro.
Você conhece alguém que faz planos para o passado?
Só se for o Michael Fox no filme “De volta para o Futuro”.

02) Criar novos empregos.
Alguém consegue criar algo velho?

03) Habitat natural.
Todo habitat é natural; consulte um dicionário.

04) Prefeitura Municipal.
No Brasil só existem prefeituras nos municípios.

05) Conviver junto.
É possível conviver separadamente?

06) Sua autobiografia.
Se é autobiografia, já é sua.

07) Sorriso nos lábios.
Já viu sorriso no umbigo?

08) Goteira no teto.
No chão é impossível!

09) Estrelas do céu.
Paramos à noite para contemplar o lindo brilho das estrelas do
mar?

10) General do Exército.
Só existem generais no Exército.
Existem também algumas mais complexas, como:
Ninguém vai aquele restaurante porque está sempre lotado.
Se ninguém vai, como estaria lotado.

Tem, mas está em falta.
Como pode ter e estar em falta ao mesmo tempo.

Para superar os preconceitos lingüísticos, deve-se catalogar e dissecar alguns mitos consagrados:
 
 
"A língua portuguesa apresenta uma unidade surpreendente" - o maior e mais sério dentre os outros mitos, por ser prejudicial à educação e não reconhecer que o português falado no Brasil é bem diversificado, mesmo a escola tentando impor a norma lingüística como se ela fosse de fato comum a todos os brasileiros. As diferenças de status social em nosso país, explicam a existência do verdadeiro abismo lingüístico entre os falantes das variedades não-padrão do português brasileiro que compõe a maior parte da população e os falantes da suposta variedade culta, em geral não muito bem definida, que é a língua ensinada na escola.
"Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português"- de acordo com o autor, essas duas opiniões refletem o complexo de inferioridade de sermos até hoje uma colônia dependente de uma país mais antigo e mais "civilizado". O brasileiro sabe português sim. O que acontece é que o nosso português é diferente do português falado em Portugal. A língua falada no Brasil , do ponto de vista lingüístico já tem regras de funcionamento, que cada vez mais se diferencia da gramática da língua falada em Portugal. Na língua falada, as diferenças entre o português de Portugal e o português falado Brasil são tão grandes que muitas vezes surgem dificuldades de compreensão. O único nível que ainda é possível uma compreensão quase total entre brasileiros e portugueses é o da língua escrita formal, porque a ortografia é praticamente a mesma, com poucas diferenças. Concluí-se que nenhum dos dois é mais certo ou mais errado, mais bonito ou mais feio: são apenas diferentes um do outro e atendem às necessidades lingüísticas das comunidades que os usam, necessidades lingüísticas que também são diferentes.
"Português é muito difícil" – para o autor essa afirmação consiste na obrigação de termos de decorar conceitos e fixar regras que não significam nada para nós. No dia em que nossa língua se concentrar no uso real, vivo e verdadeiro da língua portuguesa do Brasil, é bem provável que ninguém continue a repetir essa bobagens. Todo falante nativo de um língua sabe essa língua, pois saber a língua, no sentido científico do verbo saber, significa conhecer intuitivamente e empregar com naturalidade as regras básicas de funcionamento dela. A regência verbal é caso típico de como o ensino tradicional da língua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português. Por mais que o aluno escreva o verbo assistir de forma transitiva indireta, na hora de se expressar passará para a forma transitiva direta: "ainda não assisti o filme do Zorro!"
Tudo isso por causa da cobrança indevida, por parte do ensino tradicional, de uma norma gramatical que não corresponde à realidade da língua falada no Brasil.
"As pessoas sem instrução falam tudo errado" – Isso se deve simplesmente a um questão que não é linguística, mas social e política – as pessoas que dizem Cráudia, Praca, Pranta pertencem a uma classe social desprestigiada, marginalizada, que não tem acesso à educação forma e aos bens culturais da elite, e por isso a lingua que elas falam sobre o mesmo preconceito que pesa sobre elas mesmas, ou seja, sua língua é considerada "feia", "pobre", "carente", quando na verdade é apenas diferente da língua ensinada na escola. Assim, o problema não está naquilo que se fala, mas em quem fala o quê. Neste caso, o preconceito lingüístico é decorrência de um preconceito social.
"O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão" – O que acontece com o português do Maranhão em relação ao português do resto do país é o mesmo que acontece com o português de Portugal em relação ao português do Brasil: não existe nenhuma variedade nacional, regional ou local que seja intrinsecamente "melhor", "mais pura", "mais bonita", "mais correta" que outra. Toda variedade lingüística atende às necessidades da comunidade de seres humanos que a empregam. Quando deixar de atender, a ela inevitavelmente sofrerá transformações para se adequar à novas necessidades.
"O certo é falar assim porque se escreve assim" – o que acontece é que em toda língua mundo existe um fenômeno chamado variação, isto é, nenhuma língua é falada do mesmo jeito em todos os lugares, assim como nem todas as pessoas falam a própria língua de modo idêntico. A ortografia oficial é necessária, mas não se pode ensiná-la tentando criar uma língua falada "artificial" e reprovando como "erradas" as pronúncias que são resultado natural das forças internas que governam o idiomas.
"É preciso saber gramática para falar e escrever bem" – Segundo Mário Perini em Sofrendo a gramática (p.50), "não existe um grão de evidência em favor disso; toda a evidência disponível é em contrário". Afinal, se fosse assim, todos os gramáticos seriam grandes escritores, e os bons escritores seriam especialistas em gramática.
PENSE...
Conscientizar-se de que todo falante nativo de uma língua é um usuário competente dessa língua, por isso ele SABE essa língua. Com mais ou menos quatro anos de idade, uma criança já domina integralmente a gramática de sua língua. Sendo assim,
2) Não existe erro de português. Existem diferentes gramáticas para as diferentes variedades de português, gramáticas que dão conta dos usos que diferem da alternativa única proposta pela Gramática Normativa.
3) Não confundir erro de português (que, afinal, não existe) com simples erro de ortografia. A ortografia é artificial, ao contrário da língua, que é natural. A ortografia é uma decisão política, por isso ela pode mudar de uma época para outra. Línguas que não têm sistema escrito nem por isso deixam de ter sua gramática.
4) Tudo o que os gramáticos conservadores chamam de erro é na verdade um fenômeno que tem uma explicação científica perfeitamente demonstrável. Nada é por acaso.
5) Toda língua muda e varia. O que hoje é visto como certo já foi erro no passado. O que hoje é visto como erro pode vir a ser perfeitamente aceito como certo no futuro da língua.
6) A língua portuguesa não vai nem bem, nem mal. Ela simplesmente VAI, isto é, segue seu caminho, transformando-se segundo suas próprias tendências internas.
7) Respeitar a variedade lingüística de uma pessoa é respeitar a integridade física e espiritual dessa pessoa como ser humano digno de todo respeito, porque
8) A língua permeia tudo, ela nos constitui enquanto seres humanos. Nós somos a língua que falamos. Enxergamos o mundo através da língua. Assim,
9) O professor de português é professor de TUDO. Por isso talvez devesse ter um salário igual à soma dos salários de todos os demais professores.
10) Ensinar bem é ensinar para o bem. É valorizar o saber intuitivo do aluno e não querer suprimir autoritariamente sua língua materna, acusando-a de ser "feia" e "corrompida". O ensino da norma culta tem de ser feito como um acréscimo à bagagem lingüística da pessoa e não como uma substituição de uma língua "errada" por uma "certa".
Autoria: José Orestes Merola

Algumas palavras retiradas das redações - turmas 2º anos

Erros de ortografia - 1ª redação - 2º anos - 2012

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As pérolas ficam para um  outro dia....