01/05/2010 - 19h45
Com Dilma, Lula defende "sequenciamento" do governo e chora ao mencionar despedida
YGOR SALLES
da Reportagem Local
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje na festa de 1º de maio da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em São Paulo, que não poderia falar sobre eleições. "A legislação não me permite falar de candidatos.". O público presente no evento reagiu à declaração de Lula com o coro "olê, olê, olá, Dilma, Dilma".
Na festa da CUT, Lula chora ao lembrar que seu governo está acabando
Mesmo dizendo que não falaria de eleição, Lula defendeu a continuidade de seu governo. "Não é possível resolver o problema de 500 anos em oito. É preciso um sequenciamento. Dilma, você ouviu o que eu disse? Sequenciamento..."
Lula aproveitou a festa para defender sua política econômica e externa, inclusive repercutindo o fato de ter entrado na lista da revista americana "Time" como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
"Daqui a pouco meu ego não vai caber nas minhas calças. Vou ter que ir a um alfaiate, porque o ego engorda", disse o presidente diante de um público de cerca de 10 mil pessoas.
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Segundo Lula, o seu destaque no cenário interno se deve, entre outros motivos, à política de aproximação com outros países latino-americanos, além de africanos e árabes. "Oito anos atrás fizemos uma campanha falando em fortalecer o Mercosul e que não queríamos a Alba, porque seria a supremacia do potencial tecnológico dos americanos", disse Lula, lembrando que visitou muitos países pelos quais nunca havia passado um presidente brasileiro. "Antes só iam para Frankfurt, Paris, Londres, Nova York, Washington..."
Choro
Lula aproveitou o evento para lembrar de seu passado sindical, e chorou ao dizer que voltará à mesma vida depois de deixar a Presidência.
"Quando eu deixar a Presidência vou continuar morando no mesmo apartamento, na mesma distância do sindicato que me projetou na política", disse, já chorando. "o que vai mais me dar orgulho é que vou poder acordar de manhã e olhar para qualquer trabalhador e dizer para ele 'bom dia, companheiro.'"
No seu discurso em tom de despedida, o presidente ainda revelou que tinha medo de não ser um bom presidente porque "demoraria mais um século para um trabalhador poder pleitear ser presidente". "Hoje eu durmo colocando minha cabeça no travesseiro tranquilo."
Esta foi a primeira vez que Lula foi a um evento de 1º de Maio das centrais sindicais como presidente do país. E o fez em grande estilo, participando de quatro eles. Pela manhã, foi ao da Força Sindical; à tarde, no Dia do Trabalhador Unificado --feito pelas centrais UGT, Nova Central e CTB-- e da CUT. Ainda hoje irá à festa do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP).